sábado, 16 de outubro de 2010

"Corre, corre. O número do telefone dissolvendo-se em tinta na palma da mão suada. Ah, no fim destes dias crispados de início de primavera, entre os engarrafamentos de trânsito, as pessoa enlouquecidas e a paranóia à solta pela cidade, no fim desses dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa, e passa a mão na minha cara marcada, no que resta de cabelos na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta, e você me leva para Creta, Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem. O telefone toca três vezes. Isto é uma gravação deixe seu nome e telefone depois do bip que eu ligo assim que puder, ok?"
Caio F.

4 comentários:

Daniel Braga disse...

Amigoooo, sei que tô sumido... mas passei pra dizer que você continua com tudo no seu blog *____*

Te adoro, sinto saudades.

*DB*

júpiter disse...

Aflição.

renatocinema disse...

Gostei da força dos seus textos. Ganhou mais um seguidor.

Te descobri pela minha nova amiga Kivia.

Clara D. disse...

Esse texto é fantástico.