sábado, 16 de outubro de 2010

"Corre, corre. O número do telefone dissolvendo-se em tinta na palma da mão suada. Ah, no fim destes dias crispados de início de primavera, entre os engarrafamentos de trânsito, as pessoa enlouquecidas e a paranóia à solta pela cidade, no fim desses dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa, e passa a mão na minha cara marcada, no que resta de cabelos na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta, e você me leva para Creta, Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem. O telefone toca três vezes. Isto é uma gravação deixe seu nome e telefone depois do bip que eu ligo assim que puder, ok?"
Caio F.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Lógica

Para todo x existe um y, tal que x ama y.

\o/

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Extremos da Paixão


Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo...

Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.

Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.

No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo. E exigimos o terno do perecível, loucos.

Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se no símbolo sem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.

Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.

Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.

Caio F. - O Estado de S. Paulo, 08/07/86.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Cazuza canta Clarice

"Gosto de coisas densas, como a literatura de Clarice Lispector. Por falar nela, acabei de compor "Que o Deus venha", uma música inspirada em meu livro de cabeceira, 'Água Viva'".

QUE O DEUS VENHA

Sou inquieto, áspero
E desesperançado
Embora amor dentro de mim eu tenha
Só que eu não sei usar amor
Às vezes arranha
Feito farpa

Se tanto amor dentro de mim
Eu tenho, mas no entanto
Continuo inquieto
É que eu preciso que o Deus venha
Antes que seja tarde demais

Corro perigo
Como toda pessoa que vive
E a única coisa que me espera
É o inesperado

Mas eu sei
Que vou ter paz antes da morte
Que vou experimentar um dia
O delicado da vida
Vou aprender
Como se come e vive
O gosto da comida

Composição: Cazuza / Roberto Frejat / Clarice Lispector

sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus."
Caio F.

segunda-feira, 21 de junho de 2010


"Tem muita coisa que a gente vai deixando, vai deixando de ser e nem percebe. Quando viu, babau, já não é mais: mocidade é isso aí, sabia?"

Caio F.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Um romance ao acaso


Ela canceriana, ascendente em touro. Ele escorpião, ascendente em peixes. Pela janela do bar, viam a noite e sua dinâmica engrenagem. Ela bebia Bloody Mary quando tocou a mão dele e falou em Sartre. Ele pediu ao garçom mais um Jack Daniel's e citou Kafka, Proust, Camus. Ela emendou com Simone de Beauvoir. Riram juntos. Falaram em Machado de Assis. Recitaram Fernando Pessoa. Ela lembrou de Neruda, ele de Garcia Lorca.

Lembraram de tantos outros...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Quando Setembro Vier

Houvesse cortinas no quarto, elas tremulariam com a brisa entrando pelas janelas abertas, de manhã bem cedo. Acordei sem a menor dificuldade, espiei a rua em silêncio, muito limpa, as azaléias vermelhas e brancas todas floridas. Parecia que alguém tinha recém pintado o céu, de tão azul. Respirei fundo. O ar puro da cidade lavava meus pulmões por dentro. Setembro estava chegando enfim.
Na sala, encontrei a mesa posta para o café — leite e pão frescos, mamão, suco de laranja, o jornal ao lado. Comi bem devagarinho, lendo as notícias do dia. Tudo estava em paz, no Nordeste, no Oriente Médio, nas Américas Central, do Norte e do Sul. Na página policial, um debate sobre a espantosa diminuição da criminalidade. Comi, li, fumei tão devagarinho que mal percebi que estava atrasado para o trabalho. Achei prudente ligar, avisando que iria demorar um pouco.
A linha não estava ocupada. Quando o chefe atendeu, comecei a contar uma história meio longa demais, confusa demais. Só quando ele repetiu calma, calma, pela terceira vez, foi que parei de falar. Então ele disse que tinha acabado de sair de uma reunião com os patrões: tinham decidido que meu trabalho era tão bom, mas tão bom que, a partir daquele dia, eu nem precisava mais ir lá. Bastava passar todo fim de mês, para receber o salário que havia sido triplicado.
Desliguei um pouco tonto. Então, podia voltar a meu livro? Discreta e silenciosa como sempre, a empregada tinha tirado a mesa. No centro dela, agora, sobre uma toalha de renda branca, havia rosas cor de chá, aquelas que Oxum mais gosta. No escritório, abri as gavetas e apanhei a pilha de originais de três anos, manchados de café, de vinho, de tinta e umas gotas escuras que pareciam sangue. Reli rapidamente. E a chave que faltava, há tanto tempo, finalmente pintou. Coloquei papel na máquina, comecei a escrever iluminado, possuído a um só tempo por Kafka, Fitzgerald, Clarice e Fante. Não, Pedro não tinha ido embora, nem Dulce partido, nem Eliana enlouquecido. As terras de Calmaritá realmente existiam: para chegar lá, bastava tomar a estrada e seguir em frente.
Escrevi horas. Sem sentir, cheio de prazer. Quando pensava em parar, o telefone tocou. Então uma voz que eu não ouvia há muito tempo, tanto tempo que quase não a reconheci (mas como poderia esquecê-la?), uma voz amorosa falou meu nome, uma voz quente repetiu que sentia uma saudade enorme, uma falta insuportável, e que queria voltar, pediu, para irmos às ilhas gregas como tínhamos combinado naquela noite. Se podia voltar, insistiu, para sermos felizes juntos. Eu disse que sim, claro que sim, muitas vezes que sim, e aquela voz repetiu e repetia que me queria desta vez ainda mais, de um jeito melhor e para sempre agora. Os passaportes estavam prontos, nos encontraríamos no aeroporto: São Paulo/Roma/Atenas, depois Poros, Tinos, Delos, Patmos, Cíclades. Leve seu livro, disse. Não esqueça suas partituras, falei. Olhei em volta, a empregada tinha colocado para tocar A sagração da primavera, minha mala estava feita. Peguei os originais, a gabardine, o chapéu e a mala. Então desci para a limusine que me esperava e embarquei rumo a.
P.S. — Andaram falando que minhas crônicas estavam tristes demais. Aí escrevi esta, pra variar um pouco. Pois como já dizia Cecília/Mia Farrow em A rosa púrpura do Cairo: “Encontrei o amor. Ele não é real, mas que se há de fazer? A gente não pode ter tudo na vida...” Fred e Ginger dançam vertiginosamente. Começo a sorrir, quase imperceptível. Axé. E The End.


Caio Fernando Abreu - publicado em O Estado de S. Paulo, 27/08/1986.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

"Me dá um beijo, então
Aperta minha mão
Tolice é viver a vida assim sem aventura..."

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Todo Amor que Houver Nessa Vida

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

quinta-feira, 29 de abril de 2010

As Melhores Coisas do Mundo


Ontem fui ao cinema. Sozinho. Coisa que quase ninguém acha legal, mas que eu, particularmente, gosto muito. Assisti "As Melhores Coisas do Mundo", filme brasileiro, dirigido pela Laís Bodanzky. Não vem ao caso resenhá-lo, mas posso dizer que é uma ótima pedida, valeu a pena desistir da enorme fila do “Alice no País das Maravilhas”. Aproveito pra dizer que, outra particularidade, sou super fã do cinema nacional (tá?). Enfim... não é bem isso que queria dizer. Queria dizer é que gostei muito do Blog do Pedro, personagem do filme. O nome do blog é Girassóis no Escuro. Encontrei por lá uns delírios ótimos, uns poemas ótimos... valem a recomendação. Tão dizendo por aí que, o filme, o blog, etc, é tudo coisa de adolescente. Entretanto, ser adolescente não é nada desprezível e faz parte da vida.

Outra coisa: a cena da Denise Fraga atirando ovo na parede é algo.

Abracinho pra vocês!

terça-feira, 13 de abril de 2010


"Não pense que o mundo acaba
Ali onde a vista alcança
Quem não ouve a melodia
Acha maluco quem dança
Se você já me explicou
Agora muda de assunto
Hoje eu sei que mudar dói
Mas não mudar dói muito"
Oswaldo Montenegro

quarta-feira, 17 de março de 2010

Guns N' Roses


Nem só de atrasos e confusões se faz um show do Guns N' Roses.

Depois da conturbada turnê por outras cidades do Brasil, em que houve cancelamento de shows, atrasos e mal-entendimentos, aqui pelos pampas não poderia ocorrer de outro modo. Que o inicio da apresentação das bandas de abertura seria às 19h, isso ninguém levava mesmo fé, mas também não precisavam exagerar ao ponto de as criaturas pisarem no palco às 23h45.

O público que, em grande maioria, chegou na FIERGS por volta das 19h30, enfrentou uma fila de, nada mais, nada menos que um kilometro e meio (até maior em alguns horários) para acessar o local do show. "Respira fundo, neguinho!" Enfim adentro, camiseta do Guns (comprada na fila mesmo, pela bagatela de R$20), bandana na cabeça e muita vontade de assistir aos resquícios da banda que tanto se idolatrou na adolescência, é hora de ir se infiltrando até encontrar um cantinho próximo ao palco, ou onde ao menos se tenha uma visão razoável dele. Passa-se uma hora, e nada do show. Duas horas, e nada do show. Cata-se à unha o tiozinho do isopor, pra tentar matar a sede. Àgua? R$ 6,00, duas por R$10,00 (o copinho, não a garrafa). Começa a bater aquela fome, frio, dor nas pernas por ficar tanto tempo em pé, cheiro de maconha tomando conta. Beleza Pura! E você começa a pensar: "Se eu tivesse ido a um show do Roupa Nova, não aconteceriam essas coisas".

Quando finalmente sobe ao palco o pessoal da Rosa Tattooada, o som é abafado, a multidão vaia. O coitado do Jacques Maciel, muito sem jeito, explica que até 20 minutos antes, a decisão era de que a banda não tocaria. Mesmo assim, os caras bateram pé e subiram ao palco na cara e na coragem pra "passar o recado" de que queriam muito estar ali, tocando pra aquele povo, inclusive sem o guitarrista, que foi substituído. Rolaram três músicas, a muito custo. Quanto à Tequila Baby, nem sinal.

Sebastian Bach entrou meia noite. Primeiro o público ficou meio na defensiva, mas Sebastian mostrou um bom jogo de cintura pra acalmar os ânimos da galera. O cara batia cabelo, girava o microfone no ar e demonstrou um enorme carisma repetindo algumas frases que aprendeu em português: "Estou muito feliz por estar aqui. Desculpem pelo atraso, nosso equipamento foi destruído. Vocês estão prontos para o Guns N'Roses?"

Com quatro horas de atraso, eis que surge o Guns. A partir daí, pode-se dizer que começou o show. Logo de cara, Axl entrou cantando a música que dá nome ao novo álbum da banda, Chinese Democracy, seguida do clássico Welcome To The Jungle. Quem estava, até então, cansado de tanta espera, deixou a dor nas pernas pra lá e pulou e cantou junto os hits que embalaram uma geração. Se por um lado os fãs não demonstraram tanta empolgação com as músicas do novo CD, por outro, fervilharam ao ouvirem sucessos como Sweet Child O' Mine, November Rain, Patience e Paradise City. Axl Rose também esforçou-se ao máximo para corresponder à espectativa do público e, mesmo estando uns kilos acima do desejado e com uns bons anos a mais, correu pelo palco e tentou reproduzir as coreografias dos vídeos-clipe de sucesso da banda nos anos 80/90. Ao cantar uma das últimas canções, um fã atirou aos pés de Axl um boneco de pelúcia do Homer Simpson. Em tom de brincadeira, Axl colocou o boneco dentro da calça e o acariciou como se dissesse : "Gordo é o meu pau!". Outro momento de euforia foi quando o guitarrista DJ Ashba colocou sobre os ombros, como capa, uma bandeira do Rio Grande do Sul, enquanto a multidão gritava "ahhh, eu sou gaúcho!".

Então... como eu dizia... nem só de atrasos e confusões se faz um show do Guns N'Roses.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Nada será em vão!

"Quero, um dia, dizer às pessoas que nada foi em vão... Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, que a vida é bela sim e que eu sempre dei o melhor de mim... e que tudo valeu a pena." (Mário Quintana)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

"Quanto a ti, já reparaste como o mundo parece feito de pontas e arestas? Já chamei tua atenção para a escassez de contornos mansos nas coisas? Tudo é duro e fere. Observo, observas como ele se move sem choques por entre os gumes. Te parece dócil, assim sinuoso, evitando toques que possam machucá-lo? Pois a mim parece falso, conheço bem suas tramas e sei de todas as vezes que concedeu para que o de fora não o ferisse. Olha, ouve e repara: essas sinuosidades são de cobra, não de ave."

Eu, tu, ele - Caio F.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Montevideo I - Fuente de los Candados

Época de férias... Aqui se inicia uma nova série de posts sobre curiosidades de viagem.

FUENTE DE LOS CANDADOS

"A lenda desta jovem fonte diz que se nela se colocar um cadeado com as iniciais de duas pessoas que se amam, voltarão juntas a visitá-la e seu amor viverá para sempre."

Eis a surpresa ao andar por uma calçada qualquer da Avenida 18 de Julho, centro de Montevideo. Essa charmosa e poética fonte. Não deixei nenhum cadeado por lá, mas óbviamente, vendo todos aqueles cadeados com todas aquelas iniciais, a gente acaba sentindo um pouco a vibe das tantas histórias de amor (ou das utopias) que estiveram por ali. Quantos será que retornaram?

domingo, 24 de janeiro de 2010

Frida

"A cama acolhe nossas enfermidades, é o ninho de nossos sonhos, o campo de batalha do amor. (...)"
Frida Kahlo

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ninho

Cancerianos não vivem sem lar. Eu não vivo sem lar. Dentro dele, imagens cintilantes do atrolho...


... e os discos que escuto noite após noite, e os livros que leio para viver as vidas que não vivo, e as fotografias que lembram as coisas que ficaram pelo caminho, e os brinquedos que não deixam esquecer que já houve juventude, e as cartas de amor que não deixam esquecer que já houve amor, e o Garfield de pelúcia que comprei para ME dar de presente no último dia dos namorados.