sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Acordo no meio da tarde, que nem uma gata gorda e preguiçosa, me contorcendo entre o amontoado de cobertas e travesseiros. Não há ninguém comigo. O vento (sempre o vento) sacode as persianas de plástico branco do apartamento, muito pequeno, mas aconchegante e todo meu. Posso ficar por horas neste despertar, mas resolvo acender o abajur. Pego o vidrinho de acetona e dou fim a vermelhidão de minhas unhas. Escolho uma nova cor, café. Mais pra boa-senhora do que pra puta-de-esquina. Estendo a perna em direção à tv e aperto o power com o dedão do pé. Logo vejo uma imagem mal sintonizada de algo que parece ser um filme antigo do Stallone. Não presto muita atenção, mas deixo a tv ligada apenas para o apartamento parecer mais vivo. E agora, você me pergunta, o que acontece? Qualquer coisa, baby. Digo, qualquer coisa. Algum vizinho pode tocar a campainha, o que é pouco provável em uma tarde de quinta-feira. Algum telefone pode tocar, o mundo acabar (não, o mundo não acaba nunca), posso gritar, posso cantar, posso bater um bolo, acender uma vareta de incenso, colocar pra fora o lixo de dias, limpar a cozinha, fumar um baseado, me masturbar, chamar o garotão do segundo piso que, sempre solícito, dá festas e me convida, posso tomar um banho demorado, ler um romance, ouvir Legião, Cazuza ou Neil Young, posso procurar um terapeuta nas páginas amarelas do guia telefônico, fazer promessas que não vou cumprir, beber alguma coisa forte, sair e encher a cabeça de algum panaca (ad infinitum)... ou absolutamente nada.

Andaram me dizendo que o melhor mesmo é "viver" de ficção.
Taí, acho que vou acabar vestindo essa idéia. Ou não!

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